sábado, junho 02, 2012


VELHOS HÁBITOS

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Quando percebi uma carta na minha caixa de correios, segurei firme, sem olhar o remetente e pensei: "Aposto que não é dele. Pode ser daquela amiga de São Paulo, quem sabe? Mas ele? Não.. não mesmo."
Ainda com a cabeça voltada para cima, encarei aquele azul celeste com um suspiro. Virei a carta e para a minha surpresa, era dele. 
Após um dia cansativo de aula, entrei em casa exausta e fui direto para o quarto. Minha mãe percebeu o envelope em minhas mãos e questionou:
_De quem é isso?
_ Meu, mãe. - não havia ânimo em minha voz.
_ Eu sei que é seu. Mas quem enviou?
_Ninguém importante. - respondi.
A porta bateu atrás de mim e eu me joguei na cama. Suspirei de novo. Vejamos, o que temos aqui.
Abri o envelope sem me afobar. Pois é, aquele papel com aspecto velho não engava ninguém. Só podia ser de uma pessoa. Enquanto lia aquelas poucas palavras, perdi a noção se a minha forte dor de cabeça era de fome ou de excessivo esforço para tentar entender aquela letra torta. Depois de duas tentativas, pude compreender sem maiores dificuldades. Ora, me perdoe, esse ser que me escreve sumiu por tanto tempo que eu me desabituei aos seus garranchos.  
(...)
Terminei de ler, guardei-a no envelope e deixei na mesinha de cabeceira ao lado. Tudo o que havia alí eu já sabia de cór e salteado. Penso em você, estrelas, algumas vezes, vontade, história, passado. Embora eu já estivesse cansada de ler as mesmas palavras da mesma pessoa, fiquei feliz em saber que lembrastes de mim, mesmo que por hora ou "de vez em quando". Lembrou sem se obrigar-se, apenas por instinto. 
O que me chateia é pensar que tudo isso não passam de palavras em um papel velho, vindo de um lugar distante e de um passado mal acabado mais distante ainda. Talvez eu responda. Mais tarde, amanhã, depois, semana que vem, não sei...
Como em um labirinto em espiral, rodamos no mesmo sentido sempre, e acabamos retomando velhos hábitos. Não tem jeito meu caro, essa estrada não tem carona, nem mapa. Realmente, nos perdemos no tempo, na vida, na história, na estrada. De novo. 

quinta-feira, maio 31, 2012


CASOS DE FAMÍLIA

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Estou muito perto do "grande dia". Caramba! Esperei ansiosamente esta data, durante muito tempo. Além de tirar a habilitação e assinar meus documentos, não vejo mais nada de importante nisso. Mas né... 18 anos!
Quando eu era pequena, foi difícil absorver a ideia de só ter mãe. Ver minhas amigas sendo deixadas na escola pelo pai me doía muito. Depois, esqueci. Vi que poderia continuar caminhando sem uma figura masculina dizendo SIM ou NÃO. Se o gênio da lâmpada aparecesse hoje, eu não ia querer três pedidos. Apenas um: a resposta de todas as minhas perguntas.
A maioridade chegou e já faz mais de 14 primaveras desde que você me deixou. Eu só queria saber por quê você se foi. Pode imaginar quantas saudades eu senti? E o adeus que eu não pude dar? Eu era só uma criança.
Dentro de uma semana me tornarei legalmente mulher,  adoraria saber se você ainda se lembra de mim e quantos anos eu farei. Será que todos os anos você presta atenção no dia 7 de junho? Por que você não me procura?
Quando alguém morre somos obrigados a lidar com isso, mas se há algo que eu jamais vou entender é como alguém vivo, tem coragem de insistir em ficar longe. 
Não que eu tenha te esquecido, eu até tentei, mas ultimamente estou aprendendo a aceitar o fato de quem está perdendo com isso é você, não eu.
E parabéns para mim. 

terça-feira, maio 29, 2012


IMAGINAR TAMBÉM SIGNIFICA VOAR

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E nos fim das contas, restaram-lhe apenas três coisas: a certeza de que deveria acreditar, a certeza de que era possível sempre recomeçar e a certeza de que sempre vai existir novos ares, novas pessoas, novas emoções e novos sentimentos. Fazer de cada passo um caminho novo. Fazer da queda uma parte da dança, da procura um encontro, do medo uma escada, pois só quem tem medo já é corajoso o suficiente de mesmo com receio, ainda assim, tentar. Ela era corajosa. Se jogou tantas vezes sem nem saber o que havia lá embaixo. Mas o que ela não sabia era que imaginar, também significa voar.

A PRESENÇA DA AUSÊNCIA

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Estou há poucas horas longe de você. Quer dizer, poucas pelo tempo que já fui obrigada a ficar.
Depois que você se foi esta manhã, meu dia foi cansativo. E mesmo com toda a distração do cotidiano, era meu lado inquieto que prevalecia. Enquanto via a paisagem pela janela do ônibus, meu peito apertado cogitava em puxar assunto com a senhora simpática ao meu lado, apenas para desabafar e dizer para alguém, além de você, o quanto eu te amo, para contar meus sonhos para nossa vida e futuro. Mas não, ela não entenderia a intensidade desse amor. Ao invés de falar, me calei no cantinho, encolhida na janela, e repassei nossas noites. Tentei escolher a mais legal, engraçada, romântica, ou feliz, que já tivemos. Desisto. Não dá. Você se supera sempre.
Foi aí que percebi que eu tinha chego no meu destino, era hora de descer e trabalhar. Algumas horas, só algumas horas. Se fosse como há dois dias, seria muito mais fácil de digerir, afinal, tinha alguém do outro lado da avenida, me observando e sorrindo pra mim. 
Eu deveria estar feliz. Aliás, estou. Seria ingratidão da minha parte dizer que não. Embora eu esteja bem e minha família também, já está na hora de dormir e meu quarto não tem bagunça, tênis masculino, nem o cheiro do seu desodorante. Não tem você saindo do banho, nem cama arrumada para dois. Tudo o que tem é uma escova de dentes esquecida por aí. 
_ Tá faltando alguma coisa, Larissa?
_ Tá mãe, tá faltando TUDO. Boa noite.

UM POUCO MAIS DISSO E DAQUILO

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Não me lembro que dia da semana era, e nem que horas nos encontramos. Isso também nem faz diferença, pois só pelo fato de estar ao seu lado, minhas mãos tremiam e a minha maior vontade era paralisar o tempo no seu sorriso e te curtir cada segundo.



Olhava, avaliada, observava e mesmo depois de tantos verbos eu continuava me lembrando de como era bom esquecer que você era realmente lindo. A cada reencontro, uma surpresa. Ah, e esse abraço? E esse seu cheiro? Garçom, me trás mais um pouco disso e daquilo. 



No fim da tarde eu me perguntava o que você pensou enquanto esteve comigo. Eu pensei milhões de coisas, querendo não pensar em nada para não perder um minuto sequer desse precioso tempo. Talvez eu seja mesmo uma criancinha, querendo carinho, colo e cafuné; por outro lado, todas essas coisas você sabe exercer muito bem.

E antes de você ir embora, me deu aquele beijo de despedida. O de sempre, o da saudade, sabe? E você consegue se lembrar da minha cara, nessa hora? Meu olhar não te pedia pra ficar, só pedia para que você não fosse. E agora, eu lhe pergunto: onde eu desligo o botão do meu pensamento em você?

sábado, maio 12, 2012


QUE SEJA ASSIM

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Sinto uma claridade iluminando meu rosto. Abro os olhos, olho pro teto. Já deve ser mais de 11 - pensei. Sinto você respirando ao meu lado, te olho com carinho e sorrio. Levanto, pego o celular, verifico a hora. Tudo bem, posso voltar. Passo em frente ao espelho e percebo que estou com meu pijama mais curto, o cabelo bagunçado e os olhos pequenos, digno de quem acabou de acordar, mas mesmo assim, alguma coisa no meu rosto está diferente. Deve ser a felicidade estampada, é, deve ser. Lembro da noite passada, olho pra você, olho pra mim, e percebo que estou sorrindo. Deito de novo, te abraço e começo a beijar seu pescoço bem devagar, até que finalmente você abre os olhos, e a primeira coisa que eu digo é: eu te amo, bom dia meu amor. E falo, e repito, e você ouve, sorri, se espreguiça, e repete. Você me abraça forte e eu me aninho em seus braços, sinto cheiro de pele macia, sinto cheiro do seu perfume. Caramba, como você consegue manter esse cheiro maravilhoso o tempo todo? 

Hora de tomar café bebê. Descemos as escadas juntos, comemos juntos, rimos juntos. E hoje é um daqueles dias que não precisamos fazer nada. O assim o dia vai. Praia, mar, beijo. Tá frio, vai chover, mas eu adoro esse calorzinho dentro de mim. Por fora tem você, pra me esquentar. Voltamos da praia, imundos, areia, água salgada. Eu quero você, mas agora eu quero muito mais tomar um banho. Você já está no chuveiro. Não resisto. Nem você. Entro no chuveiro e te beijo. Vamos economizar água, não vamos? Você passa sabão em mim com uma delicadeza impossível de descrever, como se cuidasse de uma criança. Eu te ajudo e você me ajuda. Eu te beijo e você me beija. Eu te pertubo e você me pertuba. 

Já é noite? Amor, o que você vai fazer pra mim? Que tal aquela pipoca dos deuses? Ficamos juntos na cama, fingindo assistir um filme qualquer. Eu gosto disso.

Já é bem tarde, e você me beija com intensidade. Eu me entrego pra você. Te amo, de novo, e pra sempre. Quando já chegamos onde queríamos, nos abraçamos, sentindo a pele, somente a pele, e um cheiro de VOCÊ É MEU. Eu olho nos seus olhos e digo: eu amo você. E você diz que me ama mais ainda. Discutimos sobre quem ama mais. 
Depois de um dia desses, ainda mereço massagem? Caramba, você não existe. E finalmente eu adormeço, e no dia seguinte, posso acordar em seus braços de novo. Eu queria poder fazer isso todos os dias. Ah! como eu queria.. 
Dorme amor, dorme também, porque quando você acordar vou pedir pra nunca, nunquinha me abandonar. Ouvi dizer que os relacionamentos mais felizes, são construidos com persistência. Hoje me perguntaram porque não escolhi alguém mais de pertinho. Ora, coração não escolhe endereço, e eu vou lutar por você.

FANTASIANDO UMA VIDA

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Escovar os dentes. Desembaraçar os cabelos. Quarto. Fechar porta. Apagar a luz. Correr. Cama. Deitar, cobrir.



Ei, tá frio aqui. Por que esse lençol ta tão gelado? E esses três edredons? Primavera com gosto de inverno. Inverno feio, daqueles de julho. Vira para um lado, pro outro, encolhe, coloca meia.. ah!.. suspira. Como eu desejaria que tu estivesses aqui, agarradinho comigo, sussurrando no meu ouvido, me fazendo carinho, bem de conchinha…

To sentindo falta do seu cheiro. E essa cama enorme. Não é falta. É presença. Presença do vazio que não me deixa dormir.

Acordar com amargo na boca e felicidade no peito. Bom dia amor! Hora de tomar café e sair. Te espero às sete para o jantar. Não se atrase. A noite estaremos nos esquentando novamente.

Ei, volte aqui. Cadê meu beijo? Bom trabalho, querido. Eu te amo. Não, amo mais.

UMA NOVA CHANCE

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Bom acordar com um sms de bom dia de quem você gosta. Melhor ainda é dormir ouvindo sua voz. Sabe, parece que a distância diminui. E a saudade.. ah, esse lance da saudade, hoje eu descobri como funciona. Antes eu pensava que "sentir falta" e "sentir saudade" eram coisas iguais com palavras diferentes. Veja só que ingenuidade da minha parte. A saudade bate, agonia, dói. A falta congela, nos faz chorar e entristecer. A saudade é a certeza de que a pessoa vai voltar, mas a falta, a falta é querer de volta aquilo que sabemos que não vamos ter. E você, eu sei que vai voltar pra mim. Você prometeu e eu confio em ti. Aprendi também que amor é apenas uma palavra até que encontremos uma pessoa pela qual valha um significado verdadeiro. Desses que te perguntam "o que é amor pra você" e você, automaticamente, pensa numa pessoa em especial. Engraçado esse lance de amor. Há alguns anos tive minha primeira paixão, e como toda garota, achei que fosse a última. Ingenuidade, de novo. Ouvi muitos "não é o primeiro nem o último". Palavras ditas pela senhora minha mãe. Até que chegou um momento na minha vida, em que eu deixei de acreditar em príncipe encantado, rosas, valsa e um pedido de casamento. Deixei de esperar que eu tivesse um conto de fadas, desses com direito a carruagem e tudo. Tranquei meu coração na última gaveta e decidi seguir os passos do cérebro. Mas um dia, eu te conheci. Você chegou na minha vida bagunçando toda aquela ordem que meu cérebro tinha preparado, derrubou todas as muralhas do passado e me fez sentir outra pessoa. Uma que eu tinha esquecido lá atrás, na última gaveta junto com o meu coraç...Ei, peraí! Meu coração! Voltei até a tal gaveta, e... cadê? Você já tinha roubado, já tinha levado com você sem eu nem ao menos ter percebido. Não fez barulho, e não teve dor. Você simplesmente pegou e saiu. E ele parece estar seguro, contigo. E eu deixei. Daí um dia desses me deram um papel e me mandaram colocar o que eu mais queria nessa vida. Desenhei assim, desse meu jeito torto e desengonçado, um sorriso seu. As pessoas olharam, analisaram, e nada. Ninguém entendeu. Mas nem precisava, de uns tempos pra cá eu me esqueci o que significa olhos, ouvidos e bocas alheias. Depois de você, os outros são os outros e só. 

SEMENTE DE DEUS

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Ei. Volte aqui. Deixe-me falar. Quero lhe dizer uma coisa...

Há alguns meses Deus me deu um presente. Ele me entregou uma sementinha e pediu para que eu cuidasse muito bem dela. A princípio desacreditei, mas obedeci. Ela era uma semente saudável, mas necessitava de atenção, e eu não a conhecia muito bem, não sabia onde nem no que ia dar. Escolhi um lugarzinho bem aconchegante e caloroso. Coloquei-a em meu coração.
Com o passar dos dias, ela foi florescendo e de uma coisa pequena, transformou-se numa linda flor. Conforme o tempo passava ela ficava maior. Até que chegou um ponto em que ela já não cabia mais ali. A obra prima de Deus era tão linda, tão grande e forte que era preciso abrir as portas, janelas e derrubar as paredes do meu coração. Era necessário um espaço maior. E hoje, estou aqui, escrevendo sobre esta flor que tomou conta do meu corpo inteiro. Vou regando-a todos os dias, para que continue crescendo e cheia de vida. E essa flor, é o amor. E amor não é uma palavra solitária. Ela envolve inúmeras coisas: paciência, carinho, atenção, lealdade, dedicação e a principal dela: VOCÊ. O meu presente de Deus.

INSPIRAÇÃO: TATI BERNARDI

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Meu coração é meio bobo. Me chame de princesa, que eu derreto. Me chame de pequena, que eu me apaixono. Me chama de querida, que eu adoro. Me chama de anjo, que eu cuidarei de você como um. Me chama de doce, e adoçarei a sua vida. Me chame de amor, e eu vou te amar. Me chame de linda, que eu tentarei fazer da sua vida mais bonita. Me chama de sua Julieta, e você será meu Romeu. Me chama de bebê, e eu deixarei que você cuide de mim. Mas me chame de minha, e eu serei somente sua.

HOJE PRA CASA, AMANHÃ PRA VOCÊ

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Ei, você que está lendo esse texto. Que tal parar de adivinhar e vir aqui do meu lado? Você sabe, eu gosto de escrever, mas meus textos ficam mais bonitos quando você está comigo. 

Entrar naquele carro foi uma das coisas mais difíceis que me obriguei a fazer nos últimos anos. Voltar pra casa nunca foi uma tarefa tão difícil, a não ser pelo fato de quando eu era criança, querer ficar um pouco mais na casa das amiguinhas. Mas dessa vez, embora crescidinha, eu me sentia uma criança ainda. A sua criança. Depois de tantos dias juntos, de te ver dormir como um anjo, de te acordar com um beijo, você acha que seria fácil lhe dar as costas?

Mas havia chego a minha hora, eu tinha que voltar e acordar para a realidade. A cada segundo que passava, sentia meu coração acelerar porque eu sabia que estava chegando o momento de dizer até logo. Na tarde anterior, a gente estava olhando o mar numa praia que nós dois amamos, e em silêncio. Palavras pra que? Nos entendíamos até quando não há som, apenas presença.

Saiba que te ver olhando para o carro, do outro lado do portão, cortou meu coração. Eu tinha vontade de mandar parar, gritar, sair correndo e voltar, mas não dava tempo. Há quase dois anos eu escolhi meu destino e te encontrei depois. Não posso largar um nem outro, então de alguma forma, eu quis levar os dois comigo, mesmo que para isso seja necessário ficar longe um tempo, pois sei que em breve estaremos juntos de vez. Se te conforta, acredito no nosso amor, e enquanto o carro andava, eu olhava a estrada, depois a serra, a cidade de cima, e pensava: ele está lá embaixo, me esperando. Eu vou voltar. Hoje é pra casa, amanhã é pra você. 

Pude repassar nossos dias juntos inúmeras vezes, e percebi que foi bom para nós dois, até a minha partida, pois lá no nosso íntimo, sabíamos que nos amávamos e todos esses dias só nos mostraram o quanto é bom estarmos juntos.

NOITE FRIA

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   Você me conhece, sou boa de cama. Dessas DVD que deita, vira e dorme. Mas tenho um segredo pra te contar: a noite passada foi extremamente difícil dormir. Um cochilo aqui, 10 min ali, e no meio da noite me encontrei com olhos abertos no escuro. Não foi um pesadelo. Alguns pesadelos não acabam quando acordamos, e eu estava num desses aí. Sou medrosa, você sabe também. Não tive coragem de sair da cama, nem de acender a luz.
   Estava esperando. Esperando você terminar de escovar os dentes e deitar comigo, dormir de conchinha, sussurrar "eu te amo" no meu ouvido. .

   Mas quer saber? Dormir sozinha pode até ser difícil, mas acordar é melhor ainda, pois sei que é um dia a menos nos separando. Eu acabei de voltar, mas logo estou aí. Me liga essa noite, gosto da sua voz e da maneira de como você me chama. Me acorde de madrugada, não tem problema. Mas acima de tudo, não esquece, amo você.